Escrito por Bruno Linhares (INTERATORES) em 11/05/2009. Para ler o artigo na íntegra clique aqui.

A polêmica sobre o futuro da comunicação e os impactos causados pela ampliação da participação dos usuários na criação de conteúdo continua intensa. A opinião de jornalistas, profissionais especializados em Internet e, agora, atuantes da “blogsphera” enriquecem o debate, que ganhou cores dramáticas a partir da crise da mídia impressa com o desaparecimento – principalmente nos EUA – de vários veículos tradicionais e importantes.
Publicado há mais de dois anos, agora chega ao Brasil o controverso livro de Andrew Keen, com o sugestivo nome de “O Culto do Amador – como blogs, MySpace, Youtube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultur
a e valores”.

Li o livro,
na versão publicada pela Zahar no Brasil, com atenção e cuidado que merece. Devo classificá-lo como uma peça de um momento muito particular na História recente – é um livro da era G. W. Bush (foi publicado em 2007, nos EUA), marco do pensamento conservador em diversos campos do conhecimento e da ação política e institucional ocidental. É, como explícito no próprio título, um libelo em defesa da “economia, cultura e valores” tradicionais norte-americanos, o que quer que isto venha a significar neste momento em que tudo balança a partir dos efeitos da crise econômica.

O livro se compõe a partir de alguns axiomas essenciais: (1) A “democratização” representada pela participação pública na criação do conteúdo coloca em risco os padrões culturais, os valores morais e as instituições que produzem notícias e a mídia “livre”; (2) Esta derrocada seria causada pela substituição dos “especialistas” que produzem o noticiário e a crítica, assim como os produtores de cultura de maneira geral, que passam a ter o seu espaço ocupado por amadores que invadem com mensagens fracas, distorcidas e indevidas os corações e a mente dos usuários; (3) Não há modelo econômico viável para a difusão de informações na Internet, o que irá causar a destruição das empresas de comunicação e a demissão de profissionais, deixando a sociedade a mercê da ação dos amadores; (4) A inexistência de proteção quanto aos direitos autorais de obras em geral – música, filmes, livros – na Internet também irá propiciar um rebaixamento sem precedentes do nível da produção artística e cultural.

O autor identifica a causa de todo o “Mal”: é a “Web 2.0”, termo muito em voga na época do lançamento do livro. Na verdade, Keen mistura uma série de fatores, problemas, tendências e questões para construir um modelo ideológico “anti Web 2.0” no melhor estilo de “evangelistas” dedicados a combater um poderoso inimigo. Que este inimigo não tenha uma face real nem contornos precisos só demarcam o caráter do discurso apresentado. Alguns conservadores, sejam os de origem religiosa ou política, buscam “demonizar” atitudes ou comportamentos que discordam e demonstram o medo profundo de transformações decorrentes de fatores econômicos, sociais ou tecnológicos. É neste tipo de quixotismo que o pensamento de Keen se inscreve. (para ler a continuação do texto e os comentários clique aqui).

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