Revista Pagina 22 Descortinando Gente

Posted by admin 15 de mai. de 2009

Este artigo foi escrito por Ana Cristina D'Angelo para a Revista Pagina 22

Indivíduos que trabalham para o coletivo tecem uma troca invisível e intensa na aparente homogeneidade urbana

Ser invisível em uma cidade grande é fácil. Raro é ver os que usam sua força individual e discreta para o coletivo. Na teoria, todos estamos trabalhando para todos, mas há alguns ofícios e ideias, tão fundamentais quanto imperceptíveis e belos, que valem a pena ser revelados.
O funcionamento de qualquer metrópole mundial - desde o transporte público ao bem-estar geral - congrega um grupo heterogêneo e curioso. Gente que se dedica ao todo em surdina e, nesse processo, sustenta e areja a vida. Augusto César Sampaio Fiorelli cuida do Big Ben brasileiro. O relógio do Mosteiro de São Bento é referência para milhares de pessoas que passam pelo Centro da cidade e é considerado o mais preciso de São Paulo. (...) No Centro do Rio de Janeiro, Manuela Dias tira do anonimato por alguns minutos quem estiver disposto a (re)contar sua história. Paga R$ 1 em troca. A roteirista está em busca dos relatos de vida de quem passa no Largo da Carioca para um livro e um filme.
Conduz uma rotina quase silenciosa, não fosse o cartaz "Conte Sua História e Ganhe um Real", que empunha nessas empreit
adas.(...) Ela pretende chegar aos mil casos de histórias humanas e vai usar os depoimentos inteiros de alguns selecionados. "No filme vão entrar os sons das narrativas."(...) Enquanto isso, Cláudia dos Santos Nascimento trata de dar um alento a quem está sendo punido. Ela conduz rodas de leitura para os detentos de duas penitenciárias do complexo de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. As unidades têm salas de leitura com 6 mil títulos, mas do que adianta se ninguém lê? (...)
Uma das táticas bem-sucedidas das rodas é a leitura das histórias pelos próprios detentos. Os iguais se reconhecem e o interesse aumenta. "Daí você percebe aquele super calado se manifestar, o disperso interagir", conta. Dos cerca de 1.500 presos, a grande maioria tem entre 18 e 30 anos e Cláudia reconhece que há estímulos mais rápidos na conquista que o embarque na literatura. "Procuro selecionar títulos que têm a ver com a história deles." Há ainda o empenho dos monitores detentos, já abduzidos pelos livros, que trabalham para atrair os outros.
"Através de uma coisa aparentemente simples, que é a roda de leitura, você consegue chegar mais perto da educação, que é no que acredito."


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