O evento vai ser realizado em Japaratinga (Alagoas, Brasil) no período de 20 a 24 de setembro de 2010, com as presenças de pesquisadores internacionais (franceses, norte-americanos, argentinos, brasileiros, colombianos) do campo da semiótica da comunicação. Para este evento, o Centro Internacional de Semiótica e Comunicação – CISECO decidiu propor uma reflexão sobre as relações entre o discurso econômico e a sociedade:
Economia e Discursividades Sociais - Explorações da Semiose Econômica.
Para debater sobre este tema serão realizadas duas mesas-redondas, 8 mesas temáticas e 18 exposições que se constituem na estrutura de trabalho do Pentálogo 2, encontro promovido pelo Centro Internacional de Semiótica e Comunicação (CISECO). Clique neste link para fazer a pré-inscrição.
Por que este tema? Por que o discurso econômico?
Por um lado, a crise mundial que se desencadeou em 2008 trouxe para um primeiro plano a importância crucial, a evolução dos mercados, as decisões dos atores econômicos dificilmente redutíveis à teoria dominante do racional choice. Ativando um forte debate, este processo reatualizou e revalorizou a pertinência de múltiplos questionamentos sobre a teoria econômica clássica, formuladas há muito tempo. Assim, na segunda metade da primeira década do Terceiro Milênio, se questiona critérios técnicos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, ao mesmo tempo em que desaparecem instituições financeiras que eram símbolos das práticas do liberalismo. Nesse contexto, resulta particularmente significativo que Paul Krugman, notório crítico das teorias liberais, receba o Prêmio Nobel de Economia, no mesmo ano em que Barack Obama, o candidato pelo qual Krugman tinha mais identificação, ganha as eleições nos Estados Unidos.
Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico de diversas áreas do sistema produtivo estão gerando, paralelamente à evolução dos países centrais e à crise, conjunturas econômicas novas em países emergentes como a China, Índia e Brasil. Estas situações estão provavelmente transformando as relações clássicas entre o discurso científico e as condições de sua inserção na sociedade mediante a forma de processos tecnológicos, transformação que parece estar operando com relativa autonomia em relação aos discursos dos economistas.
A crise é, então, inseparável de uma intensa midiatização tanto do discurso econômico como dos discursos sobre a inovação tecnológica dos sistemas produtivos. O presidente Barack Obama, que encarna uma certa inflexão nas políticas econômicas da primeira potencia mundial, manifestou cuidado especial no uso das tecnologias de comunicação, e especial nas novas modalidades que a Internet interativa tornou possível. E os economistas, que têm sido entre os ‘cientistas sociais’ os profissionais mais próximos ao exercício do poder político, e por tanto das mídias – têm acentuado diante da crise seus esforços para fazer o uso adequado da comunicação mediatizada. O próprio Paul Krugman é um colunista regular do New York Times. E o Ministro Luis Dulci, convidado do nosso primeiro Pentálogo, sublinhou em sua conferência que o presidente Lula, em seus discursos, estava falando cada vez mais de economia, porque “não há assunto público que seja somente uma questão de especialistas”. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias de comunicação estão acelerando os processos de transferência tecnológica nos setores chaves do sistema produtivo.
Dentro do mutante conjunto das ‘ciências humanas e sociais’, ao longo do século vinte, tanto a Lingüística como a Economia foram as ciências que mais cedo e com mais ênfase, manifestaram sua vontade de ser ‘ciências’ no sentido forte do termo. (Ao menos no sentido cerimonial, a segunda delas logrou seu objetivo, ao transformar-se na única ‘ciência humana e social’ digna do Prêmio Nobel). Claro que, do ponto de vista da lingüística, todas as ciências são ‘humanas e sociais’, na medida em que são inseparáveis da linguagem: seja qual for o seu grau de formalização matemática, nenhuma ciência existe sem transformar-se em discurso. Toda ciência é, desde este ponto de vista, uma complexa configuração dos processos de comunicação. A linguagem humana é a forma necessária do conhecimento cientifico, o qual é, por sua vez, o resultado da evolução cognitiva da espécie. A última etapa desta evolução cognitiva é o que chamamos de midiatização. Ao longo do século passado, as instituições científicas, como todas as outras instituições, têm sido crescentemente afetadas por mutações tecnológicas da comunicação. Queremos centrar agora nossa atenção na discursividade das ciências econômicas. Neste contexto, o CISECO decidiu convidar para seu Pentálogo 2 especialistas da economia, da antropologia, da história das idéias econômicas, da sociologia, da semiótica, da comunicação e das ciências da cognição e do discurso, para refletir sobre as turbulências que agitam as relações entre o mundo da economia e o mundo dos meios de comunicação. A crise tornou, talvez, estas relações mais visíveis do que no passado.
A Mesa de Abertura estrutura-se em torno de uma exposição do senador Cristovam Buarque sobre “Crise econômica, ações governamentais e cobertura de imprensa”, a ser debatida pelo jornalista Cristiano Romero, do jornal Valor Econômico, e coordenada pelo Prof. Dr. Sergio Porto, do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Brasília. As demais mesas estão estruturadas em torno dos seguintes sub-temas:
Explorações Teóricas:
• Discursividades Econômicas
• Semiose Econômica e Semiose Política
• Narrações Midiáticas
Na mesa de encerramento ocorrerá um debate sobre o CISECO a ser realizado pelos diretores da Instituição. Já confirmaram suas presenças os seguintes pesquisadores:
• François Vatin (Université de Paris X, France)
• Eliseo Verón (Universidade de San Andrés, Argentina)
• Ângela Lacerda Nobre (ESCE, Portugal)
• Manuel Libenson ( UBA e CONICET, Argentina)
• Oscar Traversa (UBA e IUNA, Argentina)
• María Viola (Universidade de Lomas de Zamora e Universidade de Lanús, Argentina)
• Janet Sternberg (Fordham University)
• Jean Mouchon (Université de Paris X, France)
• Marc Abelès (EHESS, France)
• Geraldo Nunes (UFRJ, Brasil)
• Bruno Ollivier (Université des Antilles et de la Guyanne, France)
• Luiz Motta (Universidade de Brasilia, Brasil)
• Suzanne de Cheveigné (CNRS, France)
• Beatriz Quiñones Cely (IECO/UNCo, Universidade Nacional de Colombia)
• Antonio Fausto Neto (Unisinos, Brasil)
• Antônio Luiz Oliveira Heberlê (UCPEl, Brasil)
• Giovandro Ferreira (UFBA, Brasil)