O que queremos na Conferência Nacional de Comunicação?
Escrito por Sergio Amadeu no (http://www.trezentos.blog.br/?author=1)
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A conjuntura política nas vésperas da primeira conferência nacional de comunicação é bastante complexa. O ciberespaço se mostra cada vez mais envolvente e presente nas disputas políticas de nossa sociedade. Ativistas conseguem articular uma grande reação ao projeto de criminalização de práticas cotidianas na Internet defendido pelo Senador Azeredo. Todavia, as velhas forças políticas oligárquicas usam sua força ideológica nas camadas médias do país para articular uma nova direita, agora conectada. Alguns blogueiros, ditos modernos, unem-se as celebridades dos mass media e políticos do PFL para apresentarem-se como inocentes comentaristas dessas nova esfera pública. A velha Globo percebe a importância das redes sociais e organiza a “espontânea” entrada e seus atores e artistas no Twitter seguindo um manual de condutas.
Ali Kamel, o prestigiado intelectual da Globo, destila a cada dia as premissas ideológicas do combate à Internet e prepara o discurso de suas tropas de desembarque no mundo das redes: “… a crença de que a internet, por natureza, é um espaço sem dono, livre, democrático. Não é verdade: não existem terras de ninguém. “… a crença de que a internet, por natureza, é um espaço sem dono, livre, democrático. Não é verdade: não existem terras de ninguém. O que tem prevalecido é uma terra com novos donos que, até aqui, têm tido êxito em chamar de liberdade o que é puro roubo.”
Neste cenário, os movimentos sociais e as forças populares discutem uma agenda para a conferência de comunicação colocando o seu foco em temas que dizem respeito ao controle público e democrático das comunicações de massa.
Contudo, o momento atual das comunicações é de transição para o mundo das redes. Até a TV caminha para a digitalização de suas transmissões. A chamada convergência, a mobilidade e a ubiquidade das comunicações precisa entrar nas preocupações daqueles que discutem a conferência. Do contrário, poderemos gastar energia demasiada para regulamentar apenas sombras e não seus agentes. O cenário e o poder comunicacional está mudando.
Minha sugestão para esta conferência de comunicação ficará circunscrita a nova agenda, o que não quer dizer que não devemos tratar dos déficits democráticos da comunicação de massa.
Seguem alguns pontos que considero essenciais na nova agenda da comunicação:
BANDA LARGA
1) Bandalargar todo o país, como condição básica e mínima para garantir o acesso das comunidades à comunicação em rede.
REDES ABERTAS
2) Incentivar a construção de redes wireless abertas de conexão à internet em todos os municípios (propor um programa do governo federal para financiar esta estrutura de conectividade indispensável para a inclusão digital e para reduzir o custo Brasil das telecomunicações).
OPEN SPECTRUM E OCUPAÇÃO DIGITAL COMUNITÁRIA DAS FREQUÊNCIAS NÃO-OCUPADAS
3) Defender a ocupação de faixas de frequência para uso digital comum, seja para rádios livres, provedores locais de acesso à internet e para coletivos culturais, sem necessidade de autorização do Estado, desde que os aparelhos utilizados sejam homologados pelo órgão fiscalizador.
Atualmente, com o uso de tecnologias digitais não precisamos mais ter um modelo de ocupação das frequências de rádio baseado na concessão de cada frequência para um único operador.
Os rádios transmissores digitais são inteligentes e operados por software. Desse modo, não interferem nas transmissões de outros usuários da mesma frequência. Você já pode ver isto com os pontos de conexão wireless. Muitas vezes podemos ver nos aeroportos dezenas de pessoas conectadas a internet emum único roteador. Elas, em geral, estão usando as mesmas frequências de ondas de rádio e o fluxo de dados de um computador não interfere nos outros.
Nos Estado Unidos, no ano passado, a FCC (órgão regulador das telecomunicações norte-americanas) aprovou o uso das frequências não-ocupadas entre os canais da TV Digital pelas comunidades locais. A única exigência é usar somente aparelhos transmissores digitais que tenham sido homologados por eles, ou seja, que comprovem que tem qualidade para não criar interferências e ruídos. Esta nova política de ocupação do espectro radioelétrico foi denominada de “espaços em branco” (White Spaces)
Para saber mais, seguem alguns links (infelizmente somente em inglês):
FCC opens free ‘white space’ spectrum
http://news.cnet.com/8301-1035_3-10082505-94.html
White Spaces: Bringing the Internet to Everyone
http://www.freepress.net/whitespaces
Wireless at warp speed
From Economist.com
http://www.economist.com/daily/columns/techview/displayStory.cfm?story_id=12581204
Wikipedia: white spaces
http://en.wikipedia.org/wiki/White_spaces_(radio)
DEFESA DE UMA CARTA DE DIREITOS DIGITAIS DOS CIDADÃOS
4) A todo instante parlamentares conservadores, ligados ao lobby da indústria de copyright e da comunidade de vigilância querem impor restrições absurdas à comunicação em redes digitais.
Por isso, precisamos de produzir um consenso que culmine em uma lei complementar que garanta os direitos dos cidadãos no ciberespaço, ou seja, um conjunto de direitos e garantias para o uso da internet.
Assim, proponho que sejam considerados direitos dos cidadãos na comunicação em redes digitais:
Todos os brasileiros têm o direito ao acesso à Internet sem distinção de renda, classe, credo, raça, cor, opção sexual, sem discriminação física ou cultural
Todos internautas têm o direito à acessibilidade plena, independente das dificuldades físicas ou cognitivas que possam ter.
Todos cidadãos brasileiros têm o direito de abrir suas redes e compartilhar o seu sinal de internet, com ou sem fio.
Todos os cidadãos têm o direito à comunicação não-vigiada.
Todo internauta tem o direito à navegação livre, anônima, sem interferência e sem que seu rastro digital seja identificado e armazenado pelas corporações, pelos governos ou por outras pessoas, sem a sua autorização.
Todo interagente tem o direito de compartilhar arquivos pelas redes P2P sem que nenhuma corporação filtre ou defina o que ele deve ou não comunicar.
Todo cidadão tem o direito que seu computador não seja invadido, nem que seus dados sejam violados por crackers, corporações ou por mecanismos de DRM.
Todo brasileiro tem direito a cópia de arquivos na rede para seu uso justo e não-comercial.
Todo cidadão tem direito de acessar informações públicas em sites da Internet sem discriminação de sistema operacional, navegador ou plataforma computacional utilizada.
Toda pessoa tem o direito a escrever em blogs e participar de redes sociais com seu nome, com codinome ou anonimamente.
Todo blogueiro tem o direito de aceitar ou não comentários anônimos, não sendo responsável pelo seu teor.
VAMOS CONSTRUIR CONJUNTAMENTE NOSSA AÇÃO
Estas são idéias iniciais para apresentarmos na conferência de comunicação. Gostaria de participar com todos vocês da construção de uma política pública para a comunicação na sociedade da informação. O que acham?
Documento original publicado em http://homembit.com/2009/09/declaracao-dos-direitos-da-comunicacao.html
O 7o. Encontro acontece de 25 a 27 de novembro de 2009 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e os lançamentos serão no dia 26 de novembro, a partir das 20 horas. Poderão indicar obras para participar da sessão todos os autores inscritos no 7o Encontro da SBPJor e que tenham produzido livros e periódicos científicos sobre jornalismo, bem como publicações na área de comunicação cuja temática seja ao menos parcialmente sobre jornalismo. As publicações devem ter data de 2009. Também serão aceitas obras de 2008, desde que não tenham sido lançadas no 6o Encontro SBPJor.
Os interessados devem enviar à profa. Gisele, até o dia 25 de outubro, um texto com:
1) nome do(a/s) autor(a/es)
2) editora
3) resumo de aproximadamente cinco linhas sobre a obra e
4) imagem da capa em JPG (não muito pesada),
para divulgação junto ao material recebido pelos congressistas.
A possibilidade de lançamento está condicionada à inscrição do autor no 7o Encontro da SBPJor.
O grupo de mídia canadense Canwest Global Communications Corp., proprietário da Global TV e de 11 diários, assinou um pedido de concordata depois de lutar por um ano para pagar os juros de dívidas que somam mais de 3,7 bilhões de dólares. Clique aqui para ler a notícia na íntegra. Fonte: Jornalismo nas Américas
Com menos de dois anos de existência, a TV Brasil já é conhecida por um terço da população brasileira, ou 34%, dos quais 15% já assistiram ao canal e 10% o assistem regulamente. A programação é considerada ótima por 22% dos telespectadores e boa por 58%, totalizando 80% de aprovação. Entre os que costumam assistir a TV Brasil em casa, 42% sintonizam o canal por antena parabólica. Os resultados são de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Datafolha a pedido da Empresa Brasil de Comunicação - EBC. Para ler a notícia na íntegra clique aqui. Fonte: ABEPEC
Cinechile.cl (enciclopedia del cine chileno) é um projeto que visa a integração de toda a informação sobre a cinematografia chilena, como explica David Vera-Meiggs: "Es por esto que no sólo estamos abiertos, sino que agradecemos, todo tipo de colaboraciones relacionadas con completar con más detalle las fichas técnicas que presentamos, información extra sobre algún estreno, ensayos o análisis sobre alguna remota obra o cualquier otra información sobre alguna producción que esté presente sólo parcialmente o de la cual aquí no se tenga referencia." Para saber mais clique aqui. Fonte: Cinechile.cl
As normas brasileiras de TV digital foram reconhecidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), braço regulador de telecomunicações da ONU. As normas, já publicadas pela ABNT, foram aprovadas por todos os países membros da organização e foram publicadas no portal da UIT nas línguas oficiais do órgão (inglês, árabe, chinês, espanhol, francês e russo). Os aspectos técnicos do Ginga-NCL, que compõe o padrão de middleware adotado no Brasil, podem ser encontrados na recomendação UIT-R BT.1699; enquanto as inovações apresentadas pelo Brasil ao sistema ISDB-T, contidas nas normas brasileiras, estão na recomendação UIT-R BT.1306. Fonte: Teletime
O governo remarcou para os dias 14 a 17 de dezembro a data da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). A alteração se deve à agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve abrir o evento. Originalmente, previa-se a necessidade de adiamento em apenas uma semana em relação às datas originais (1 a 3 de dezembro), mas a opção pelos dias 14 a 17 de dezembro mostrou-se mais adequada à agenda presidencial. O Ministério das Comunicações informa também a sanção presidencial da lei que libera mais R$ 6,5 milhões para o orçamento da conferência (definido em R$ 8,2 milhões). Fonte: Teletime
O artista Guy Laliberté (criador do Cirque du Soleil) faz um convite para você:
"Todos nós bebemos da mesma fonte. A água é a nossa ligação, pois nos une como seres humanos que somos e como cidadãos deste planeta. E ainda que, em muitas partes do mundo haja água em abundância, em outras a falta de água provoca pobreza, doença e até morte. A cada oito segundos uma criança morre por não ter água para beber. Isto não é uma razão suficiente para começar a agir?"
Amanhã, 9/10/09, a partir das 7 das noite acontece a transmissão mundial do Projeto Missão Poética Social da ONG One Drop Foundation – que procura conscientizar a população mundial para a questão da preservação das águas do planeta. Clique aqui para ver o show pela internet.
No Brasil, o evento acontece na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, com um show do Gilberto Gil e com uma apresentação inédita do Cirque du Soleil (Canadá). Guy Laliberté falará ao vivo direto da aeronave Soyuz TMA-16 (estação espacial). O Brasil será o terceiro país na sequência de participações. Gilberto Gil entrará no ar às 21h30, lendo um trecho da fábula de Yann Martel e falando um pouco sobre o problema da água no país. O ingresso será a doação de um quilo de alimento não perecível (exceto sal e açúcar). Também participam do evento: Moscou, Santa Mônica, Nova Iorque, Johanesburgo, Mumbai, Marrakesh, Sydney, Osaka, Tampa, Cidade do México, Paris e Londres.
A disciplina/área é Linguagem Publicitária e Sociologia da Comunicação.
Para participar é preciso ser graduado em Comunicação Social e Mestrado em Comunicação Social ou em áreas correlatas. Regime de Trabalho: 20 horas semanais. A remuneração é de R$ 1.838,09. O edital está disponível no site da UFRN.
Fonte: ABCA
As inscrições estão abertas até o dia 15 de outubro. Para participar o representante da cidade deve enviar um email para super8prod [@] yahoo [ponto] com [ponto] br solicitando a ficha de inscrição, que deverá ser preenchida e devolvida para que o registro seja oficializado. A cidade participante precisa ter um local para a exibição dos curtas, um aparelho de DVD e um projetor. A coordenação do Dia da Animação providenciará o envio dos filmes de desenhos animados (nacionais e estrangeiros) para exibição no dia 28 de outubro de 2009. O evento acontece simultaneamente em mais de trinta países e até o momento cerca de 400 cidades brasileiras já garantiram a participação. História No dia 28 de outubro de 1892 (três anos antes do cinematógrafo ser apresentado pelos irmãos Lumière) Èmile Reynaud realizou a primeira projeção do teatro óptico no Museu Grevin, em Paris. Essa projeção foi à primeira exibição pública de imagens animadas (desenhos animados) do mundo. Mais informações clique aqui.
Confira alguns filmes nacionais da Mostra
A Princesa e o Violinista – Dir. Guto Bozzetti
Recorte / 2D - 10min30seg – 2008 – Porto Alegre-RS
Sinopse: Trata-se de uma fábula sobre o surgimento da tristeza. Pelos olhos de uma menina, descobrimos uma bela história, enquanto ela tenta entender o que sua mãe está sentindo.
Queda Livre – Dir. Marcelo Vidal/Renan de Moraes
3D – 1min10seg – 2009 – Rio de Janeiro – RJ
Sinopse: Terror e pânico. Plínio um desengonçado Quati, salta de pára-quedas em uma frenética queda livre.
Papercut – Dir. Pedro Eboli
Tradicional 2D - 4min13segs – 2008 – São Paulo – SP
Sinopse: A vida no escritório pode acabar com você. Ainda mais quando um pequeno corte de papel transforma a vida do nosso herói numa caçada surreal. Agora, é todo o escritório contra um, numa luta pela vida e por sua própria identidade. Uma animação de humor e realismo fantástico feita por alguém que nunca agüentou a vida num cubículo.
por Michael I. Niman [*]
Os títulos dos jornais e dos noticiários de TV soam a obituários para o negócio do jornalismo, como se de repente a indústria estivesse "de patas para cima" a morrer. Os grandes diários dos EUA efectivamente sofrem grande agitação financeira e alguns importantes recentemente fecharam as suas portas, enquanto a maioria reduz pessoal. Alguns, como o Wall Street Journal e Los Ángeles Times, encolheram fisicamente a apertaram os seus cintos ao máximo, ao passo que o The Detroit News/Free Press e o Seattle Post-Intelligencer afastam-se do papel impresso para converterem-se em diários virtuais. Há pouco fecharam jornais como o Rocky Mountain News, de 150 anos, em Denver, o Cincinnati Post, de 128 anos, em Cincinnati; e o Albuquerque Tribune, de 87 anos. Agora engrossam o monte de diários que servem de lápide à indústria.
Contudo, a história do colapso do jornalismo é uma notícia velha, como muito do que lemos na imprensa diária. Os jornais já morreram há bastante tempo. A única novidade é que os seus corpos de zumbi continuam o jogo. Sei que isto parece cruel e, sem dúvida, despertará a cólera de legiões de cortadores de cupons, entusiastas das palavras cruzadas e outros que leram a nota só até aqui.
O lucro e a cobiça matam os grandes diários
O colapso da indústria jornalística foi antecipado pela sua perda da diversidade e do pluralismo. O modelo do monopólio chegou a dominar a indústria até a metade do século XX. Quase em cada cidade dos EUA houve um diário dominante, mantido a flutuar por uma economia de escala cada vez maior, que afugentou a sua concorrência do negócio. Antes do fim do século, aproximadamente 98% das cidades estado-unidenses converteram-se em urbes de um só jornal.
Os monopólios ameaçaram a democracia, como os diários a actuarem muitas vezes como porteiros das notícias regionais, cujo controle lhes permitiu dominar a política local e alcançar um poder sem limites. Poucos políticos atingido pelo diário local viveram sabiamente para contar. E subiram os preços da publicidade e, por vezes, ao ponto de ameaçar a própria existência do negócio.
Com os seus monopólios regionais, os jornais geraram regularmente lucros para os seus investidores da Wall Street, convertendo-se numa das indústrias mais rentáveis do país. Contudo, mataram a lenda romântica do jovem repórter que perseguia as notícias quentes, lutava contra a corrupção, dava furos jornalísticos e salvava a democracia. Os conglomerados controladores do negócio converteram-no simplesmente numa fábrica de lucro, assumido cada vez mais não para informar, educar ou agitar e sim para fazer dinheiro.
O modelo do monopólio deu aos jornais bem-estar financeiro, mas este resultou efémero porque a arrogância dos editores que engordaram os seus lucros viram estes lucros mais como um direito do que como algo que devessem conservar com algum trabalho. Sem competição, despediram pessoal inclusive em épocas financeiras boas, impelidos pela cobiça de margens de lucro cada vez maiores. As histórias genéricas relatadas pelas agências de notícias substituíram de maneira contundente a investigação de situações noticiosas locais e os jornais perderam significado fonte de informação local.
O modelo matou notícias... e leitores
O modelo do lucro prostituído significava que os jornais evitavam morder as mãos dos que os alimentavam. Isto significava evitar histórias que aborrecessem anunciantes, amigos de anunciantes e da gente que os anunciantes bajulassem. Significava também evitar qualquer controvérsia que pudesse de qualquer forma inquietar qualquer parte que pudesse um dia pensar em fazer publicidade. Entre estas duas categorias censuradas está a maior parte das matérias que tornam os jornais tanto necessários como vibrantes.
Na sua forma mais extrema, o modelo do lucro prostituído significava não só tentar não ofender como realmente bajular os anunciantes. Portanto, os jornais substituíram notícias duras por notícias suaves, historietas sem valor sugeridas por anunciantes e secções inteiras do jornal orientadas por publicitários.
Pense acerca disto: Quando foi a última vez que leu uma notícias na secção automobilística crítica de um carro, ou uma notícia na secção imobiliária crítica de padrões de desenvolvimento irresponsáveis?
A nível macro, o lema "beneficiem-se do poder e não façam perguntas" a que os jornais aderiram deixou-nos com praticamente todos os principais quotidianos nos Estados a papaguearem vergonhosamente a propaganda desacreditada da administração Bush nos preparativos de 2003 para a invasão do Iraque. De facto, muitos críticos dos media agora argumentam que o viés pró guerra dos jornais americanos foi um factor chave para permitir que a administração Bush levasse o país à guerra. Fontes de notícias alternativas, residentes sobretudo no ciberespaço, contestaram esta falsa informação com o que se demonstrou serem análises prescientes e informação mais precisa — mas elas não podia conter a desinformação disseminada pelos jornais.
Olhe a contagem do Project Censored relativa às notícias mais importantes mas menos relatadas dos últimos 20 anos. Eles escolhem 25 notícias impressionantes por ano — matérias como a Halliburton a vender tecnologia nuclear para o Irão, a Halliburton a obter contratos para construir centros de detenção nos EUA e acções da Halliburton de Dick Cheney a subirem 3000 por cento durante a guerra do Iraque. Estas notícias vão desde permissões do governo para carcinogénicos na nossa água e comida à destruição do habeas corpus e das protecções de direitos humanos básicos e a pilhagem corporativa por atacado de recursos naturais.
Mas, em qualquer ano considerado, pode contar o número destas notícias divulgadas pelos jornais diários pelos seus polegares — e muitas vezes deixando um polegar ou dois de fora. Os jornais deixaram-nas cair. Eis porque nos voltámos para outras fontes para a nossa informação.
Sucateando a marca New York Times
Certo, o modelo papel de jornal de transformar florestas em polpa de papel está datado na era digital, mas não é por essa razão que estas organizações de notícias em massa estão a morrer. Os principais jornais de hoje têm, em média, um século ou mais de construção de marca sob a sua cintura. Eles deveriam ser os reconhecidos jogadores mestres na indústria das notícias, em todos os media. Deveriam ser marcas fortes e bem colocadas para dominar a paisagem convergente dos media — mas após uma geração de auto-complacência, as suas marcas, e portanto o seu valor na Wall Street, são lixo. Depois de levar-nos à guerra com a pouco inteligente Judith Miller a torcer pela administração Bush, porque deveríamos nós confiar no New York Times para informação acerca do Iraque? E na verdade porque raios deveríamos pagar pela sua desinformação?
Muitas das histórias que estamos a ler e assistir acerca do colapso dos jornais são de autoria de jornais a choramingarem acerca da sua própria morte auto-induzida, ou por organizações de TV analogamente dirigidas e igualmente prostituídas, a alegrarem-se prematuramente com o mal alheio, a morte dos jornais, como se elas não seguissem estreitamente o mesmo caminho para a irrelevância. A faltar nesta análise está a cobertura acerca do crescimento consequente de organizações de media democráticos que realmente desafiam o status quo e informam novas notícias realmente perturbantes. Neste contexto, o noticiário não é uma corrida para a geração de iliteracia e apatia e sim algo muito mais esperançoso rumo à revolução dos media. Vamos encarar isto como um ajustamento de mercado, com o valor do modelo propaganda a cair em queda livre. Isto não é um desenvolvimento mau.
A lista de Craig e o fim da civilização
Contudo, os grandes media não morrem com elegância. Não. Eles estão apinhados com um conjunto de gabarolas – os chamados peritos – que nos dizem que os jornais foram liquidados pela Lista de Craig [1] .
Pense acerca disso. Parece que a misteriosa perda de receita dos classificados acabou por ser a bala de prata que põe o morto-vivo a descansar. Mas (e raramente alguém pergunta) porque os diários perderam os seus anúncios classificados? Por coincidência, esta perda veio nos calcanhares da sua redução de leitores. E muitos daqueles anúncios migraram não para a Lista Craig e sim para semanários alternativos que têm estado a captar as omissões de reportagem quando os grandes se esquivam às histórias perigosas. Isto é o mercado em funcionamento — Friedman, não Marx. Onde é que você olha quando quer arrendar um apartamento? E os semanários não herdaram estes anúncios dos parentes mortos — eles trabalharam por eles ao mesmo tempo que os diários paravam de trabalhar.
Para o jornalismo prosperar, os jornalistas precisam ser pagos. Os críticos dos media democráticos apressam-se a destacar que o mercado não pode suportar um milhão de locais de informação on line, e as pequenas organizações de media podem apenas permitir-se pequenos salários para um punhado de trabalhadores. Assim, prossegue a argumentação, precisamos de um novo modelo para financiar a qualidade dos media.
É verdade, realmente. Mas este mesmo argumento muitas vezes opera com base na premissa de que o velho modelo — grandes jornais monopolistas — estavam a fazer isso e que a morte desses grandes significa agora o fim do jornalismo como profissão.
O sistema de remuneração pelo qual os profissionais do jornalismo são pagos tem sido louco deste há muito pois concede prémios aos piores redactores, os mais invertebrados e lambe botas, enquanto pune o trabalho árduo dos jornalistas que assumem riscos. Vamos examinar o New York Post, por exemplo — claramente um dos piores pasquins do país, o mais sensacionalista, traficante do medo e xenofóbico. Eles empregam alguns dos mais altamente pagos "jornalistas" na indústria. Enquanto isso, na mesma cidade, o poderoso Indypendent (sim, grafa-se com um "y") que ganhou prémios confia em redactores voluntários para algumas das melhores reportagens locais de investigação do país.
Se cessarmos de premiar lacaios por liquidar a sua suposta profissão, isso não é uma coisa má. Descobrir fluxos de receita para pagar bons jornalistas e toda uma outra questão.
Não há lágrimas para o media corporativos
A questão de fundo aqui é que apesar de não haver um futuro para os jornais sem alma, aqueles dos zumbis monopolistas, há um futuro para o jornalismo. Recordo de uma reunião que tive há uns poucos anos com uma delegação de jornalistas ucranianos. Eles eram todos de meia-idade, o que significa que eram treinados como jornalistas numa sociedade soviética totalitária onde não havia jornalismo [2] . Entretanto, geração após geração, jornalistas ambiciosos aprenderam qualificações de que foram impedidos de usar. Então o império entrou em colapso e quando isso aconteceu havia jornalistas à espera para sair da hibernação.
Talvez esta seja a notícia aqui. Talvez o colapso dos jornais monopolistas auto-censurados finalmente rompa o colete de força que a mediocridade manteve sobre o jornalismo durante uma geração. Talvez isto signifique que bons jornalistas não terão de se manter em outras profissões para poderem sustentar-se. Talvez isto signifique que os compadres não editem mais jornais.
Ou talvez não venha a mudar senão o canal pelo qual é entregue a desinformação e a trivialidade. Em qualquer caso, não vou derramar quaisquer lágrimas pelos media corporativos.
[*] Professor de jornalismo e estudos de media no Buffalo Sate College, colaborador de Projecto Censurado . Seus escritos estão disponíveis em www.artvoice.com , e www.mediastudy.com .[1] Craigslist : rede centralizada de comunidades online que apresenta anúncios classificados gratuitos.
[2] É a opinião do autor. Resistir.info não tem concordar com tudo para publicar um artigo, mesmo quando o autor diz enormidades.
O original encontra-se em http://www.medios.org.ar/?p=416 . Há versão em castelhano em http://www.argenpress.info/search?q=Niman. Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Fonte: NYTimes
Dezenas de universidades norte-americanas, entre as quais MIT, Amherst, Bates, Carleton, Colby, Vassar, Wellesley e Yale, estão incorporando blogs de alunos aos seus sites, porque os veem como uma poderosa ferramenta de marketing junto aos alunos de segundo grau, hoje em dia menos interessados em mensagens e estatísticas oficiais e mais interessados em narrativas pessoais e interação direta com os atuais estudantes e com outros candidatos a vagas.
Mas até agora nenhum desses blogs demonstra tanta interatividade e criatividade quanto os do MIT, em cujo site eles têm lugar de destaque na página de matrículas, acompanhados por centenas de respostas de potenciais candidatos a uma vaga na instituição - e tudo isso sem censura alguma.
Nem todos os departamentos de matrícula e seleção universitários demonstram tanta disposição de permitir textos não censurados de alunos. "Muita gente nesses departamentos não parecia muito ansiosa pela presença de blogs, em larga medida por medo de que não possamos controlar o que as pessoas estão dizendo", disse Jess Lord, diretor de admissões no Haverford College, que este ano ofereceu blogs nos quais alunos relatavam suas atividade de verão e, no ano que vem, pretende incluir blogs de alunos com dicas para os novos estudantes sobre a vida no campus. "Estamos lentamente aprendendo que é assim que o mundo funciona, especialmente para os alunos de segundo grau".
Os blogueiros do MIT, que recebem honorários de US$ 10 por hora, para até quatro horas semanais redigindo textos, oferecem suas opiniões sobre qualquer coisa que possa interessar a um potencial aluno. Alguns oferecem dicas sobre o processo seletivo e sobre a carga de trabalho intensa da instituição; outros preferem comentar sobre temas mais exóticos, como tortas de maçã comidas quentes e com uma cobertura de bacon e caramelo, ou cair da escada, ou o grande esforço requerido para estabelecer um recorde mundial no jogo de dominó de colchão. "Os alunos de segundo grau leem os blogs, e quando nos visitam comentam que nem imaginavam que os alunos de Haverford tivessem férias de verão tão interessantes", diz ele. "Não existe maneira melhor de um, aluno aprender sobre uma faculdade do que com a ajuda de outro aluno". Os alunos do MIT que mantêm blogs no site da instituição dizem que eles mesmos liam os blogs de alunos quando se inscreveram, e que por meio de seus comentários fizeram contato com outros potenciais alunos. "Quando estava no segundo grau, eu tinha um blog e postava quase todo dia, e lia os blogs do MIT todo dia", diz Jess Kim, hoje aluna de quarto ano e autora de um dos blogs oficiais do MIT. "Para mim, eles eram um retrato da vida que eu poderia levar aqui, e são parte importante de minhas razões para estar aqui".
Os blogueiros do MIT têm etnias, especializações, moradias e, especialmente, estilos literários muito distintos. Alguns deles postam uma vez por semana ou mais; outros passam meses sem atualizar suas páginas. No final de semana em que os potenciais alunos do MIT são convidados a visitar o campus, uma sessão chamada "Meet the Bloggers" dá a eles tratamento de celebridades. O MIT seleciona os blogs de alunos que incorpora ao seu site por meio de um concurso no qual os candidatos submetem exemplos de seus textos.