Posted by Elvira Pereira 23 de out. de 2009

O VAZIO QUE DOMINA A SOCIEDADE

Os tiroteios não se restringem somente aos morros, a polícia e ladrão, as secretarias de justiça. Agora, vão mais além e ecoa nos ouvidos da sociedade que dorme escondida num mundo de faz de conta, onde nada lhe diz respeito; onde o problema é do vizinho e não atinge a casa dos honrados homens e mulheres que pagam seus impostos para garantir regalias pessoais. Essa é a realidade de muitos indivíduos que não se manifestam diante dos horrores da criminalidade inserida em todas as instâncias, as pessoas procuram novidades efêmeras, sons diferentes, cheiros e sabores exóticos para dar sentido a sua existência sem, no entanto, se comprometer com todas as transformações e evoluções desse mundo moderno em muitos aspectos e, extremamente tradicional em outros. Vivemos, ainda, sob as leis da esfera pública que ao tentar legalizar suas decisões lança mão da esfera privada onde se encontram os esquecidos do mundo e, em outros momentos excluídos da sociedade, uma sociedade que não é grande o bastante para comportar essa gente que se arrasta no lodo pegajoso deixado pela fartura dos que podem entrar e brincar no trio elétrico.
O que fazer com esse imenso vazio social, cultural, humano instalado nas instâncias de uma sociedade protecionista e tão cheia de regras quebradas a cada necessidade dos seus dirigentes?
É necessário o vazio do homem para ele encher-se de novos ares?
O vazio é um mal que se instala em nosso ser em horas necessárias à reflexão, mas, quase sempre não aproveitamos esse precioso momento para reordenar o pensamento, os sentimentos, as atitudes. Buscamos o vazio da alma e caímos em precipícios que nos conduz ao egoísmo, a insensatez, a imprecisão do sentir a vida e, acabamos por encontrar a loucura como refúgio para nos escondermos de nós mesmos. A partir da loucura nosso vazio passa a fazer parte da vida dos outros atrapalhando as mentes sãs e, algumas vezes, até escravizando-as em detrimento dos nossos confortos egoístas. Esperamos que os outros nos resgate e atrofiamos nossa capacidade de superação das dificuldades, erguendo muros intransponíveis para uma mente doente e acomodada em ninchos exclusivos com entrada permitida, apenas, à paciência e a compaixão pelo Ser doente.
Doente está toda uma sociedade que não sabe a quem recorrer para limpar a sujeira de muitos anos jogada embaixo de tapetes mortíferos e sem dono, relegados ao abandono e a estagnação do pensamento criativo.
Elvira Pereira de Araújo

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