O relatório bienal (2012-2013) da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Revisão OCDE destacava as principais tendências em ciência, tecnologia e política de inovação nos países que integram a instituição. O documento também apresentava tópicos específicos que estavam e estão no topo da agenda dos formuladores de políticas de inovação, como o papel dos direitos de propriedade intelectual e dos mercados de licenciamento de tecnologia no desempenho da inovação, políticas para aumentar os benefícios da globalização de P&D (pesquisa e desenvolvimento) empresarial, recursos humanos para ciência e tecnologia e avaliação de políticas de inovação. Entre as observações destacam-se a necessidade de apoio público ao empreendedorismo.
As políticas públicas para o empreendedorismo são frequentemente motivadas por evidências que demonstram o impacto de empresas jovens inovadoras no crescimento econômico e na criação de empregos. Os formuladores de políticas também procuram abordar as falhas de mercado percebidas para as start-ups, incluindo assimetrias de informação e lacunas de financiamento. Por exemplo, as assimetrias de informação nos mercados de crédito são maiores para novas empresas sem histórico de crédito, enquanto o financiamento formal de capital tende a financiar estágios posteriores de investimento de menor risco. Como resultado, o financiamento do empreendedorismo frequentemente vem das três vertentes (três 'F's em inglês): fundador, família e amigos (friends).
O empreendedorismo inovador também ganha destaque no relatório e vem sendo incentivado em muitos países e de muitas maneiras diferentes. Empreendedores inovadores exploram novos conhecimentos que são comercialmente valiosos, mas não comercializados por empresas estabelecidas que priorizam a maximização dos lucros de produtos existentes.
A França apoiou o desenvolvimento de clusters por meio de polos regionais;
a Finlândia tem apoiado start-ups de alto crescimento por meio de programas de aceleração de negócios em setores intensivos em conhecimento, como ciências da vida, tecnologias de informação e comunicação (TICs) e tecnologia limpa;
a Alemanha adotou uma abordagem abrangente para o apoio ao empreendedorismo universitário por meio do esquema EXIST, que promove a cultura empreendedora, bolsas iniciais e transferência de tecnologia em instituições de ensino superior. Uma abordagem de parceria formal foi seguida na Holanda com o Techno-Partner, um programa para apoiar novas empresas de base tecnológica por meio de parcerias regionais envolvendo universidades de ciência aplicada, incubadoras, empreendedores experientes, bancos e financiamento de capital.
As “Gazelas”, jovens empresas inovadoras de alto crescimento, têm sido o foco da política de empreendedorismo e têm chamado a atenção dos formuladores de políticas devido ao número de empregos que se estima criar. Neste caso, o apoio público tem sido geralmente orientado para a aceleração do seu crescimento e internacionalização. O México possui um programa nacional de auxílio às gazelas por meio de treinamento, consultoria especializada e apoio à comercialização de produtos e serviços no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos. A Espanha introduziu um esquema baseado em subvenções para jovens empresas inovadoras que subsidia despesas relacionadas a P&D, como despesas com pessoal de pesquisa, direitos de propriedade intelectual e instalações de pesquisa. Para empresas mais maduras (além do estágio inicial), a Holanda oferece aos bancos e empresas de capital privado uma garantia de 50% sobre o capital recém-emitido ou empréstimos intermediários.
Marques de Melo na sede do Intercom em SP foto @cultmidia 2015 |