Cada vez mais as tecnologias de comunicação e informação (TICs) têm sido usadas pelos governos, em todas as esferas – municipal, estadual e federal – como meio de melhorar o funcionamento da máquina pública, de inovar na prestação de serviços aos cidadãos e dar mais transparência às administrações e à aplicação dos recursos públicos, ao mesmo tempo em que contribuem para democratizar o acesso à informação. Fora isso, na era da sociedade do conhecimento, o fluxo de informações é um componente essencial na geração de riquezas. Mas até que ponto as iniciativas digitais têm sido bem sucedidas? Quais os gargalos que as cidades digitalizadas enfrentam para avançar na oferta de serviços? Que experiências bem sucedidas se consolidaram e podem ser compartilhadas por outros municípios? Para responder a essas, e outras questões, a Momento Editorial criou, em parceria com a Fundação CPqD, o Índice Brasil de Cidades Digitais para medir o nível de digitalização das cidades brasileiras que usam as TICs.O trabalho, iniciado em setembro de 2010 e concluído em março de 2011, começou com a conceituação do que é uma cidade digital e seguiu as diretrizes da publicação “As cidades digitais no mapa do Brasil” (organizada pelo então diretor de Universalização do Ministério das Comunicações, Átila Souto; pelo mestre em engenharia na área eletrônica e de comunicação Giovanni Moura de Holanda; e pelo diretor de Tecnologias de Serviços do CPqD, Juliano Castilho Dall’Antonia). Patrocinada pelo Ministério das Comunicações, a publicação fundamenta que as cidades consideradas digitais possuem variados níveis de infraestrutura de redes de telecomunicações, de acesso às TICs e de oferta de serviços eletrônicos públicos e privados. “Assim como nas cidades reais, com suas ruas, praças, diferentes níveis de infraestrutura, de saneamento básico, serviços públicos, como transporte, segurança pública, as cidades virtuais apresentam diferentes níveis de urbanização”, compara Dall’Antonia. Por isso, completa, as cidades digitais podem ser classificadas, indicando como estão integradas ao ciberespaço. A metodologia criada pelo CPqD e adotada para este Índice considera tanto os aspectos tecnológicos da conectividade e o uso de serviços criados a partir da digitalização, quanto os de população e acesso. A partir da definição das categorias de classificação, nove no total, foi gerado um questionário, com 15 questões fechadas, porém, com detalhamento quantitativo, como, por exemplo, o número de telecentros ou o percentual de órgãos públicos conectados. Mais de cem municípios preencheram o questionário e 75 foram validados após a checagem dos dados pela equipe da Momento Editorial e pelos profissionais do CPqD. Além das informações levantadas a partir do questionário, foram pesquisados dados complementares como a população, número de domicílios, base de acessos no município (dados da Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações) e a velocidade da conexão, também de acordo com os indicados da Anatel. Com todas as informações disponíveis, a estatística do CPqD Graziella Cardoso Bonadia agrupou os dados nas nove categorias definidas e estabeleceu um critério de pontuação para cada uma delas. “Na categoria presença de equipamento primário, a pontuação teve um peso menor, variando de 10 a 100; na categoria banda, a variação ficou entre 250 a 3.500; e na categoria integração de cidades, estados e países, o peso foi de 900 a 5000 pontos”, exemplifica Graziella. Desta forma, quanto mais a cidade avança a escala da informatização da infraestrutura e integração de serviços em direção à digitalização plena, maior peso tem a pontuação recebida, evitando eventuais distorções provocadas pelo bom desempenho em um item mas baixa performance nos demais. O ranqueamento das 75 cidades mostra que o nível de digitalização no país ainda é incipiente. A maioria delas se encontra no estágio dois, de telecentros, e só as quatro primeiras classificadas já atingiram o estágio três, de serviços eletrônicos. Falta muito para que caminhem em direção dos patamares superiores. A metodologia utilizada aponta seis níveis de digitalização, sendo o mais avançado o nível 6, conhecido como digitalização plena.
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