Entrevista sobre Cinema na Escola para o jornal "A  Tribuna do Planalto", de Goiânia, na íntegra, para o caderno sobre  educação, publicado em Março de 2010. 
1- O senhor é o autor do livro  “Na sala de aula com a sétima arte”. Como foi a pesquisa para  produzi-lo?
JL - Utilizo filmes em sala de  aula desde que comecei a trabalhar em educação, há aproximadamente 25  anos. Esta ação pedagógica com filmes relaciona-se ao encantamento que  desde muito cedo tive pelo cinema e a constatação de que utilizando-se  destes referenciais eu mesmo havia aprendido muitas coisas. Por isso  mesmo pensei que seria possível utilizar filmes ou trechos deles como  recurso que viesse a auxiliar o aprendizado de meus alunos, passando a  utilizá-los com freqüência e, ao mesmo tempo, definindo parâmetros e  bases de trabalho que os tornassem referências úteis, capazes de  promover debates, reflexões e, sempre, produções por parte dos alunos.  Além das experiências, procurei sempre ler muito sobre cinema, filmes e  outros trabalhos que relacionavam a Sétima Arte a Educação. Tudo isso  acabou me levando a desenvolver minha dissertação de mestrado, na  Universidade Mackenzie (SP), a respeito dessa temática, em trabalho  ainda não publicado, sobre o Cinema na Escola, tendo como foco o filme  "A Missão" e ações pedagógicas com alunos do Ensino Médio e da  Universidade em que trabalhava na época. O livro "Na Sala de Aula com a  Sétima Arte" é resultado dessa trajetória e do projeto que acabei  desenvolvendo na internet, durante os últimos anos, em que atuei como  editor de um portal especializado em educação. Foi criada uma coluna  sobre o tema Cinema e Educação e, para este espaço,  escrevi mais de 200  textos relacionando filmes ao trabalho em sala de aula.
2- Qual o “feedback” que o  senhor teve dos professores que leram a sua obra?
JL - O feedback veio através de  encontros e palestras durante as quais apresentei as propostas, na  maioria das vezes, eventos de formação de educadores. Outra forma  através da qual tive dos professores retorno foi através do portal em  que trabalhei, na forma de comentários na web. As respostas foram muito  positivas, só para esclarecer a receptividade do livro e dos materiais  disponibilizados na internet, é válido lembrar que a coluna sobre Cinema  e Educação sempre foi a mais lida do portal Planeta Educação,  respondendo por aproximadamente 25% dos acessos ao site, ou seja, 1 em  cada 4 visitas. Normalmente os professores elogiavam os artigos, diziam  também usar filmes na escola, afirmavam estar em busca de mais  informações sobre como melhor utilizar tais recursos em sala de aula e,  mesmo, queriam esclarecer dúvidas, sugerir outras ações, pedir que  alguns títulos fossem incluídos em minha lista de filmes avaliados... Há  muito interesse pelo recurso e, isso se deve, a meu ver, ao fato de que  os filmes são recursos lúdicos, que encantam, interessam, promovem a  ação do aluno, aproximam os professores de seus estudantes, permitem  aprofundamento dos saberes em discussão e, além disso, por mexerem com  as emoções dos espectadores, fazendo com que o envolvimento com a  produção e os assuntos ali discutidos seja sempre bastante grande.
3- Há um projeto de lei do  senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que propõe a obrigatoriedade das  escolas brasileiras em exibirem filmes nacionais. Caso esse projeto se  torne lei, qual a orientação o senhor dá aos educadores na escolha  desses filmes?
JL - Algumas orientações são  básicas, mas muito necessárias de sempre serem destacadas, como: 
• Sempre trabalhar com filmes adequados a faixa  etária de seus alunos.
• Dar preferência ao uso  de trechos das produções ao invés da apresentação do filme na íntegra,  enfatizando alguns aspectos dos filmes (mais relacionados aos conteúdos e  objetivos da aula), trabalhando dentro da limitação de tempo das aulas e  cronogramas (aulas de 45 ou 50 minutos; muitos conteúdos a trabalhar ao  longo do ano), estimulando a curiosidade dos alunos para que assistam o  restante depois.
• Preparar aulas em que vai  usar os filmes com antecedência, realizando planejamento em que faça a  previsão de quais pontos pretende destacar, os paralelos que irá traçar  com outros recursos (aulas, textos, jornais, músicas...) e, ao mesmo  tempo, de olho nas atividades que irá pedir aos alunos que são  relacionadas ao filme apresentado.
• Pedir  sempre produções dos alunos relativas aos filmes trabalhados -  trabalhos, tarefas e, mesmo, questões em avaliações.
- Não sou contra o uso de  filmes na íntegra na sala de aula, mas a restrição de tempo nos pede  criatividade e sabedoria quanto ao uso deste recurso, por isso mesmo,  advogo que passar filmes de longa-metragem com mais de uma hora e meia  de duração deve ser ação muito bem planejada para que o tempo seja bem  utilizado.
- A medida do senador Cristovam  Buarque é muito válida para fins educacionais e, inclusive, pode  estimular o cinema nacional como querem tantas pessoas, mas penso que  seria interessante que um projeto nacional de cinema na escola também  trabalhasse produções de outras escolas cinematográficas.
4- O senhor consideraria esse  projeto utópico do ponto de vista de que não teria como controlar o que  será passado aos alunos?
JL - Creio que é importante  sempre que os professores esclareçam e discutam seus planejamentos  previamente com os gestores das escolas em que trabalham, deixando  evidentes os filmes, temáticas, ações pedagógicas e propósitos relativos  ao uso destas produções em sala de aula, exatamente para evitar que se  perca o foco pedagógico. Nesse sentido o professor deve conhecer muito  bem o material a ser utilizado, já tendo assistido o filme antes, de  preferência mais de uma vez, definindo as ações e trabalhos que tal  produção irá ensejar em sua ação pedagógica. A princípio, acredito que  os professores têm formação e consciência quanto ao porque devem usar  filmes e como isso irá lhes trazer benefícios em seu trabalho, em  especial, de que forma isso irá auxiliar seus alunos.
5- Como o professor pode  conduzir os alunos para que eles descubram um interesse pelos filmes?
JL - O filme deve, desde o  princípio do trabalho, ser apresentado como uma ferramenta educacional,  que lega aprendizagem, sem que isso tire deste recurso perante os  alunos, sua condição de instrumento de diversão, lazer e ludicidade. Com  isso quero dizer que a meta é aprender sem descartar o encantamento e  prazer relacionados a apreciação dos filmes. Nesse sentido, o filme  entra na ação pedagógica como recurso que aumenta a possibilidade de  aprendizagem por, literalmente, ser agradável e sedutor aos olhos dos  estudantes. E, ao longo da ação educacional, o educador vai propor que,  ao lado do filme, como contraponto ou ponto de apoio ao mesmo, se  realizem paralelos, comparações, argumentações... Para tanto, dará aulas  expositivas, pedirá leituras, proporá trabalhos e tarefas individuais  ou em grupo, abrirá debates, fomentará reflexões... Dessa forma, creio,  estará aumentando o interesse tanto pelos filmes quanto pelos saberes  que traz a tona com auxílio dos mesmos!  
Para saber mais sobre o  assunto:
- Cinema de Primeira, no link www.cinemadeprimeira.com.br
- Planeta Educação, no link www.planetaeducacao.com.br/portal/coluna.asp?coluna=2,  coluna Cinema e Educação.
- Porta  Curtas Petrobras, no link www.curtasnaescola.com.br
- Livro: "Na Sala de Aula com a Sétima Arte -  Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva)
- Contato: joaoluis28[@]gmail[.]com  
 
 



 
 
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