Maria Rita articula vínculos sociais a psicanálise

Posted by Maria das Graças Pinto Coelho 16 de jul. de 2009

O encontro de Maria Rita Kehl com o MST

Atualizado em 15 de julho de 2009 às 08:35 | Publicado em 15 de julho de 2009 às 08:11

por Patrícia Rocha, no jornal Zero Hora

Há três anos, um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) perguntou à psicanalista Maria Rita Kehl como a psicanálise poderia ajudar a militância. Não era a primeira vez que Maria Rita estava palestrando para uma turma de alunos da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), centro de formação e ensino idealizado pelo MST. Ela respondeu que a psicanálise não é uma prática militante, mas que muitos militantes precisariam fazer análise por razões particulares. E explicou:

– A neurose interfere na relação dos sujeitos com o laço social, o que vale para a militância.

Ao contar o episódio, Maria Rita, nome de referência da psicanálise no Brasil, diz que eles entenderam imediatamente o que estava implícito naquelas palavras. E, na saída, dois administradores da escola perguntaram:

– Quando você pode começar?

Na semana seguinte, Maria Rita deu início à experiência que já dura três anos e meio.

Doutora em Psicanálise, a campineira Maria Rita trilhou uma trajetória singular. Cursou Psicologia na USP em tempos de ditadura, trabalhou sete anos como jornalista, fez mestrado sobre televisão, teve um filho quando morava em uma comunidade e só em 1981 começou a atuar como psicanalista – e logo mais poeta e ensaísta. Suas palestras e seus livros transitam por diferentes temas – TV, juvenilização, ressentimento, feminino, ética na psicanálise... – o lançamento mais recente, O Tempo e o Cão – Atualidade das Depressões, teve início a partir de um pequeno incidente a caminho da ENFF, quando, premida pelo tráfego na Via Dutra, Maria Rita viu um cão atravessar a pista mas não pôde evitar bater no animal (que sobreviveu) – travestido de metáfora, o episódio a fez refletir sobre a aceleração da vida e seus efeitos subjetivos.

Neste longo percurso, analisar integrantes do MST e transitar no seio do movimento surge como a oportunidade de descobrir um universo fundado no coletivo e, como ela conta na entrevista a seguir, um privilégio.
Leiam a entrevista completa no Blog do Azenha:
www.viomundo.com.br/voce-escreve/o-encontro-de-maria-rita-kehl-com-o-mst/

Maria Rita Kehl tem vários textos sobre Televisão e o livro, escrito com Eugênio Bucci -"Videologia" -, São Paulo, Editora Boitempo: 2004, atualiza e articula a teoria marxista e psicanálise.
A linha de pesquisa Processos Socioculturais e Midiáticos do Grupo de Estudos de Mídia - Gemini, tem refletido este texto em suas produções acadêmicas.

0 comments

Postar um comentário

    Arquivo

    Cultmidiáticos