Fonte: Noblat
Internautas brasileiros avaliaram de forma marcadamente negativa a moral e a ética de José Serra e Dilma Rousseff nos comentários que fizeram sobre a disputa pelo segundo turno das eleições de 2010 nas redes sociais. A equipe da FSB PR Digital analisou mais de 17 mil menções em 3.184 posts que citavam os candidatos, capturados pelo software Webgrama@ entre 4 e 31 de outubro. O resultado mostra que as redes sociais espelharam a campanha: pouquíssima discussão de propostas e uma polarização caracterizada pela desconstrução do oponente, com acusações e críticas aos dois candidatos. Nas menções que se referiram à ética pessoal de José Serra, 89% foram negativas, enquanto para Dilma Rousseff esse percentual foi de 70%.
A percepção dos eleitores sobre posicionamentos morais dos candidatos com relação a aborto, religião, direitos civis de homossexuais e corrupção compõem o conjunto de temas mais citados no universo analisado neste estudo, respondendo por 35% das menções classificadas. Em mais de 70% delas, os temas foram mencionados de forma negativa aos dois candidatos. Entre os tópicos relacionados à moral, o aborto foi mais citado, e há mais menções sobre o tema com atributos negativos ao candidato Serra (71%) que à candidata Dilma (54%). A norma técnica do SUS assinada por Serra quando era ministro da Saúde, regulamentando o atendimento nos casos de aborto previstos por lei, e o depoimento de uma ex-aluna de Mônica Serra sobre um suposto aborto da mulher do candidato foram amplamente discutidos nas redes sociais, competindo em espaço no segundo turno com as polêmicas em torno da entrevista em que Dilma Rousseff afirmou ser favorável à legalização do aborto e do item sobre o tema no programa nacional de direitos humanos, criado pelo governo.
A arena em que as militâncias políticas se enfrentaram foi o Orkut. As comunidades da rede social mais tradicional e de maior alcance no pais foram palco de longas discussões entre apoiadores dos dois candidatos.
O Twitter foi a rede mais neutra: mais da metade das menções analisadas repercutiam dados factuais da corrida eleitoral, cobertos pela grande mídia. Em todas as redes, os conteúdos positivos e neutros sobre a candidata Dilma Rousseff superaram os negativos, enquanto para José Serra essa proporção só se deu no Twitter. Destaca-se a ausência dos movimentos civis organizados, identificados como fonte em apenas 1% das intervenções, apesar do grande foco em questões consideradas bandeiras dos movimentos de defesa do direito da mulher e dos homossexuais. Para ler o estudo completo, clique aqui. O universo da pesquisa inclui Orkut, Twitter, YouTube e blogs, capturados segundo critérios de relevância e alcance dos posts. A amostra foi definida de acordo com a penetração dessas redes no Brasil. Para uma análise especial sobre o Twitter, utilizamos a ferramenta TweetReach.
Cynthia Garda é jornalista e lidera a equipe da FSB PR Digital em Brasília. Atuou como repórter e editora por dez anos em jornais brasileiros e como gerente no Google, trabalhando em São Paulo, Buenos Aires e Mountain View.
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