"Se não posso achar o caminho farei um"

Posted by admin 22 de dez. de 2010

A escola é a rede

Uma mensagem a todos os membros de Escola de Redes

Toda pessoa é uma nova porta que se abre para outros mundos.  John Guare em "Six degrees of separation"
Peça de teatro na Broadway (1990) 

Pessoas são portas. Abrem caminhos. Na verdade, são caminhos. Atalhos entre clusters. Pontes. É sempre por
meio de uma pessoa que podemos interagir com quem está em outros mundos.

Isso significa que os interworlds são realmente as pessoas, não um novo ambiente tecnológico, mas um novo
ambiente social com novos recursos tecnológicos. Esta é uma típica
compreensão-fluzz: pessoa não é o
individual e sim o social
. Surpreendentemente, em mundos altamente
conectados as novas internets são... as pessoas!

Não, não é somente uma imagem poética. É uma nova compreensão das potencialidades humanas. Pessoas interagindo são seres humanos. A partir de
certo grau de interatividade, são organismos sociais, quer dizer,
superorganismos humanos.

Quando a tecnologia fornecer os meios para manter as pessoas continuamente conectadas e para acelerar a interação, ela o fará a partir dessa
possibilidade social. Aliás, foi assim que nasceu a velha Internet: como
percebeu Castells, sua estrutura interativa só foi projetada assim porque as
pessoas que a projetaram a projetaram assim. E as pessoas que projetaram a
Internet só a projetaram assim – com possibilidade de interatividade – porque havia
tal possibilidade social. Da mesma forma estão nascendo as novas internets:
seja com o aperfeiçoamento dos dispositivos móveis interativos, seja com
implantes bio-eletrônicos ou cibernéticos, enquanto a topologia da rede for
mais distribuída do que centralizada não produziremos borgs, mas gholas-sociais.

Há sempre um risco. O risco de ser borg. A fronteira entre um borg e um ghola-social é móvel, nebulosa e quase sempre invisível. A hierarquia produz
borgs. As redes humanas distribuídas geram gholas-sociais. Mas a maioria dos
padrões de interação se configura no intervalo entre centralização máxima e
distribuição máxima.

Evitar o risco é refugiar-se na vida individual, escolhendo racionalmente as interações, sendo seletivo nos relacionamentos, fechando-se ao
outro. Esse é o fracasso de todas as chamadas “pessoas de sucesso”. Fecham-se à
interação com o outro-imprevisível e, ao fazer isso, a despeito de serem muito
conhecidas, obstruem conexões com a nuvem que as envolvem, desatalham clusters (ao se recusarem a servir como
pontes), excluem outras pessoas do seu espaço de vida e simultaneamente se
excluem de outros mundos, isolando-se do superorganismo humano e deixando de
contar com uma parte (justamente aquela parte inusitada, que os marqueteiros,
os políticos profissionais e os psicólogos sociais tanto procuram e não
conseguem encontrar) das imensas potencialidades do social.

São raríssimas as pessoas de sucesso que se deixam abordar por qualquer um do povo. Seus endereços, e-mails e telefones são mantidos em sigilo. Seus ambientes de trabalho são
protegidos por porteiros, agentes de segurança, secretários e assessores. Seus
sites e blogs são fechados à comentários ou mediados. Sua participação nas
mídias sociais é sempre para usá-las como broadcast,
para fazer relações públicas e propaganda de si-mesmas (para ficarem mais
famosas e auferirem os benefícios econômicos, sociais e políticos conferidos
diferencialmente a quem alcançou tal condição).

Isso acaba se manifestando no que acreditam que seja sua vida pessoal, como indivíduos, supostamente autônomos, tão importantes que não podem ficar
vulneráveis aos paparazzi do
relacionamento. Como conseqüência começam a desenvolver aquela sociopatia mais
conhecida pelo nome de fama. Na verdade ficam doentes por defict de
interatividade.

Quem não quer ser porta, não acha caminhos. O sucesso é o melhor caminho para perder caminhos. A perda de caminhos é também uma medida de
não-rede, ou seja, uma expressão do poder. A contraparte de querer ser muito
importante é a falta de importância para a rede (e não importa para nada se
essas pessoas de sucesso têm milhares ou milhões de followers nas mídias sociais mais freqüentadas ou se seu blog tem
milhares ou milhões de pageviews).

E o risco? Bem, nos Highly Connected Worlds a pessoa é compelida a correr o risco, a fluir com o
curso. Não pode se proteger, se sedentarizar em seu mundo, se agarrar às coisas
para tentar permanecer como é ou a ser mais-do-mesmo (do que já é) em vez de
surfar nos interworlds, navegar, ser
nômade, fluzz.

“Se não posso achar o caminho farei um”, escreveu Sêneca. Nos novos mundos-fluzz, seria o caso de dizer: como
não há caminho, serei um (uma porta para outros mundos).

Esta é a minha mensagem de um feliz ano novo para você, conectado(a) à Escola-de-Redes. Que 2011 seja um ano mais-fluzz para todos nós.

Um grande abraço do

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