Literatura Brasileira: O Olho de Volmer do Recife

Posted by admin 2 de out. de 2010

O jornalista, escritor e videomaker Volmer Silva do Rego (Volmer do Recife) celebra a edição em espanhol de seu livro O olho de Aldebaran (ISBN: 85-7493-090-3 250 p.) e convida a todos para conhecer a nova literatura brasileira.

Depois de chutar a bunda de Macunaíma, aquele sujinho preguiçoso, analfabeto e anacrônico, criado por Mário de Andrade (bem intencionado) na 'revolução cultural' dos idos de 22 - a tal semana de arte moderna que reuniu preconceitos burgueses, europeus e traçou rumos para o futuro da criação cultural e intelectual do Brasil, e que foi ressucitado por FHC que nos chamou de caipiras indolentes, numa de suas troças pomposas, eis que surge da fervura da ditadura militar, da retomada da democracia e da traição do espírito das leis e da ética, como resultado dos golpes dados no inconsciente coletivo, do avanço da propaganda, do redemoinho ideológico incrustrado nas linguagens e enganações do final do século XX, antes do ano 2000, um andarilho do cerne da capital paulista, morador da periferia, outro tipo de herói nacional, branco (talvez com um tataravô negro ou mestiço, mouro ou semita), nordestino, nervoso, apaixonado, solidário, leitor de livros e revistas, cinéfilo, músico, plástico, formado, reformado, conformado, com mais de 350 anos de Brasil, bonito, atlético, amorenado pelo sol, cheirador de flores e sorridente, amante da natureza, sexualmente ativo e heterossexual (sem ser homofóbico - um braço - abraço de distância está bem! As relações são espirituais mesmo!), entre outros atributos e qualidades, das quais algumas pouco apreciadas pelo tipo médio do cidadão televivo (mediocridade é zona de equilíbrio formal!) o pequeno burguês de passarela, cartão de crédito e shopping que se forma pela televisão.
 Contudo, muito mais avançado do que a maior parte das pessoas, bem acima de média, capaz de sacrifícios pela causa da humanidade, contra as inflexões dos sistermas desumanos e do cacete da academia (ainda que dependente dela - vivemos a apoteose dos papéis, e há que ser doutor, mestre, enfim, se cuidar!) e do mercado e seus experts e mbas, caminha sem vaidade, mas cioso de si, ouvindo o canto do Sabiá laranjeira, olhando as estrelas e formas lunáticas pelas noites quando não há poluição excessiva(?) esquivando-se da feiura e do policialesco. 
 Agstern da Silva Brown é só um homem comum, que faz poesia, ama as mulheres, ouve boa música, gosta de crianças, discute filosofia, flerta com a as artes todas, trabalha feito cão, ganha pouco e aceita o desafio de tentar resgatar o resto da humanidade submetido às diatribes do destino e dos próprios humanos. Aceita a Ciência, mas sabe de Religião e de todas estas coisas de homens na falta de explicações melhores. Vive procurando se convencer de que há algo para muito além desta mesmice e encara de frente, e desconfiado, os dirigentes do planeta na caverna sombria onde vivem alguns poucos milhares dos sobreviventes de todas as Volúpias. Mas, ele é uma ficção. Não existe de verdade. Nunca o verás por aí!
 No ano de 2066, aos 999 metros abaixo da superfície do planeta já semidestruído pelas ações humanas e calcinado pelo Sol, ele vive seu drama pessoal, um 'affair' pelo amor de duas mulheres bonitas e inteligentes, intrigados com a sociedade, seus chefes e superiores hieráquicos, a crítica da razão e da arquitetura do conhecimento que erige naquela cidade um jeito sui generis  de estabelecer as relações de poder e entre as pessoas, o que não lhe parece confiável - ali há mesmo muitos mistérios, mais do que nossa filosofia imagina em sua vanidade.
 Cheio de dúvidas e questionamentos Agstern é um ser global, mas nasceu no Brasil. Faz um esforço terrível para suportar as idiotices das classes dirigentes de seu país, das elites retrógadas que lançam moda e valorizam o superficial, o acessório em detrimento do essencial.
 Um dia, depois de captarem em seus sistemas de rastreamento em centros de pesquisas espaciais os sinais de ondas de rádio ou pulsos eletromagnéticos oriundos das profundezas do espaço, os dirigentes decidem que é hora de fazer contato e enviam um pedido de socorro a um determinado planeta numa zona qualquer do quadrante Y do espaço, próximo de uma estrela da nossa Via Láctea. Prepararam uma nave útero com capacidade de se auto gerir e de se sustentar por várias décadas. Realizam um simulacro de julgamento (Agstern provoca um cisma na cidade) e o condenam juntamente com as duas mulheres pela qual ele se apaixonara, a serem os tripulantes e responsáveis pela viagem e pela tripulação (que, curiosamente, consiste em nove fetos geneticamente melhorados que se desenvolverão gestionados pelo útero artifical da nave - os 3 serão responsáveis pela tradu(i)ção de humanidade e de sua educação formal quando nascerem), e os mandam para o espaço atrás do provável ser inteligente que havia enviado os sinais. Tudo era um plano. Qual? E, a partir daí, toda a história se inicia. Quer saber o que acontece então? Prepare-se. Será uma viagem inesquecível.

0 comments

Postar um comentário

    Arquivo

    Cultmidiáticos