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Posted by admin 19 de abr. de 2009

Espaço Literário (envie sugestões)
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Atualizado em 27/07/2009
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01. A pressa é inimiga da conexão.

02. Amigos, amigos, senhas à parte.

03. Antes só que em chats aborrecidos.

04. A arquivo dado não se olha o formato.

05. Diga-me que chat freqüentas e te direi quem és.

06. Para bom provedor uma senha basta.

07. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.

08. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.

09. Em terra off-line, quem tem discada é rei.

10. Hacker que ladra, não morde.

11. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.

12. Mouse sujo se limpa em casa.

13. Melhor prevenir do que formatar.

14. Quando a esmola é demais, tem vírus anexado.

15. Quando um não quer, dois não teclam.

16. Quem ama um 486, Core duo lhe parece.

17. Quem clica seus males multiplica.

18. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.

19. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.

20. Quem não tem banda larga, caça com discada.

21. Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.

22. Quem semeia e-mails, colhe spams.

23. Quem tem dedo vai a Roma.com .

24. Um é pouco, dois é bom, três é chat.

25. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.

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Comece o dia fazendo o que é preciso, na sequência faça o que é possível, e assim, sem querer você já estará fazendo o impossível. São Francisco de Assis (1181-1226)

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Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável. Mas, que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência. Martha Medeiros (autora do livro que inspirou o filme Divã)
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De: Romeu di Sessa (Associação dos Roteiristas) Brasil
Enviada em: domingo,
31 de maio de 2009
Assunto: Ajuda/Pesquisa Nacional/Palavra Mágica
Amigos,
Tem uma “palavra mágica” que estou a fim de um usar num texto, mas estou em dúvida de que ela seja uma palavra muito paulista, talvez até paulistana. Então coloco uma frase aqui com ela, e peço que me respondam. Eis a frase: “Ela tinha uma saúde muito frágil, teretetê tava no hospital.”
1) Você já tinha ouvido a palavra “teretetê”?
2) Se sim, de que região do país você é?
3) Se não, você entendeu o que ela quis dizer?
Eu sou meio apaixonado por essa palavra, acho que ela é meio mágica. Teretetê quer dizer mais do que “de vez em quando”, e também é mais do que “vira e mexe” só, apesar de estar mais perto disso. Ela parece querer dizer: “de tempos em tempos e cada vez por um motivo diferente, ela ia ao hospital” ou “toda hora acontecia uma coisa diferente que a fazia ir pro hospital”. E o que é louco não é só a capacidade de síntese e compressão dela (é uma palavra .mpg!), mas também porque ela não quer dizer absolutamente nada, não tem onde uma pessoa que nunca a ouviu se apoiar pra entender seu significado, mas todos entendem (ou melhor, isso é o que eu quero checar se é verdade com a ajuda de vocês). Um gringo que fale português e que nunca na vida tenha ouvido a expressão “vira e mexe”, quando ouve tem como deduzir seu significado, dá pra fazer a conta e chegar no resultado, por causa do sentido das palavras usadas na expressão. Agora, “teretetê”?! Isso não quer dizer nada! Mas dá pra entender perfeitamente. Claro que o sentido da frase ajuda, mas mesmo assim... é mágico. Um dia vou fazer faculdade de lingüística e minha tese de doutorado vai ser sobre essa palavra, que eu adoro. Teretetê tô usando. Bom, conto com a ajuda de vocês. De antemão obrigado. Ah, sim, e se por acaso alguém souber um outro significado pra ela, diga. Abraços
Romeu di Sessa
PS: Acho que tem um colega aqui que é de Portugal, se ele puder responder também agradeço muito.
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Luiz PONDÉ
De ratos e homens
Hamlet e Jó têm alma; quem apenas quer ser feliz não suporta a sina de ter uma alma
HOJE ESTOU no lado negro da força. Dormi mal. Um leitor pergunta: "você é contra a democracia?" Não! Eu?! Mas acho sim que a democracia moderna tem algo de idiota. Mais do que um conceito, esta ideia é uma sensação, assim como um odor. Digo "idiota" no seguinte sentido: vivemos numa época na qual os idiotas venceram porque descobriram pelo voto que são maioria absoluta. Eles impõem ao mundo sua vida medida pelas estratégias de sucesso e pelo amor opressivo do medíocre -esta nossa face indesejável, estampada em nosso espelho íntimo. Antes de ser senhora do mundo, essa multidão de iguais vivia sua pequena vida, imersa num pessimismo modesto, de quem não tem para onde ir. Hoje, essa praga da vida estratégica é uma deformação em cada rosto. Assumindo ares de senhores, os idiotas tomam conta do pensamento, construindo um mundo visto pelos olhos de quem só sabe viver contabilizando as vitórias de seu desejo. Sua religião vira uma "espiritualidade" que crê num universo conspirando a favor de seu sucesso, fazendo do universo um idiota, como ele, só que infinito. Vivesse Kafka hoje, certamente escreveria histórias de medo sobre como a elite intelectual (talvez com face de rato) virou proletária, em busca de carreiras, somando seus pontos, escrevendo artigos para não serem lidos, somando suas mesquinharias, anulando a inteligência em nome do acúmulo. O idiota faz da ética um divã a serviço de suas utopias de alcova. A modernidade, com sua vocação natural para fluxos administrativos e sistemas organizacionais, deixa o idiota em êxtase. Criticar a democracia moderna não implica amar regimes antidemocráticos. Implica, sim, reconhecer que a democracia é, também, em sua intimidade, uma forma específica de desastre. Proponho o ensaio "The Masses in Representative Democracy" (as massas na democracia representativa) do filósofo inglês Michael Oakeshott (século 20). Neste ensaio, ele narra o nascimento do anti-indivíduo ou homem massa. A diferença entre o filósofo inglês e o tratamento mais comum dado pelos especialistas ao homem massa é que para Oakeshott a ideia de que todo ser humano venha a ser um indivíduo autônomo é uma lenda. Ai está um dos dogmas da democracia moderna: todo homem é capaz de ter vida subjetiva válida e de ser "portador" de uma personalidade autônoma. A sensibilidade democrática moderna, com sua mesquinha paixão pela felicidade, treme diante desta hipótese, apesar do acúmulo de evidências empíricas cotidianas a seu favor. O Renascimento criou a lenda do indivíduo como uma possibilidade aberta a todos, posteriormente concretizada nas revoluções modernas. Para além da ideia (comum) de que a sociedade ou a mídia esmaga o indivíduo nascente, Oakeshott duvida da probabilidade mesma de que exista em todos nós um indivíduo possível. O debate supera a mera questão política e adentra o campo da psicologia social e seus mecanismos de construção dos comportamentos. Não se trata de reduzir a questão à cidadania, mas sim pensar nosso regime naquilo que ele tem de miséria moral. A tese central de Oakeshott é: um dos grandes motores da democracia moderna é o ódio ao indivíduo e sua obscena capacidade de ser livre de modelos coletivos. Vivia o homem, na idade média, em sua pequena comunidade sem futuro, entre os terrores noturnos e as esperanças religiosas, quando foi despertado pelos sinos do sonho de virar o "senhor de sua alma", superando seus determinantes sociais. Hamlet e Jó têm alma. Quem apenas quer ser feliz não suporta a sina de ter uma alma. Os processos "de salvação" sempre esmagaram os indivíduos reais porque a autonomia (substância dos indivíduos de fato) não é irmã da felicidade, não "salva" ninguém. E os idiotas só querem ser felizes. Os totalitarismos do século 20 já foram parte do surto. O anti-indivíduo adora certezas, causas e utopias. Goza sentindo-se parte de um todo. Perdidos nos escombros de sua vila natal, nosso homem massa se reencontrou na obsessão de grandes coletividades identificadas com um ideal de mundo. A ideia do "bem público" tornou-se seu credo. A verdade é que o homem massa sempre fala em nome da liberdade, da autonomia, mas ele as detesta, porque teme o inferno que é a alma. As obras de autores como Kierkegaard, Nietzsche e Burckhardt (todos do século 19) são gritos contra esse ódio típico de quem é apenas sombra.
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Carlos Drummond de Andrade
O Lutador


Lutar com palavras / é a luta mais vã. Entanto lutamos / mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes / como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria / poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, / apareço e tento / apanhar algumas / para meu sustento / num dia de vida. Deixam-se enlaçar, / tontas à carícia / e súbito fogem / e não há ameaça / e nem 3 há sevícia / que as traga de novo / ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangueÂ…
Entretanto, luto.

Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.

Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.

Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui 8
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.


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